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Nó |2023| longa-metragem

Glória acaba de mudar e busca fazer um novo lar para as três filhas e seu corpo lar para si, enquanto disputa com seus amigos uma vaga de surpervisora na industria onde trabalha no chão de fábrica.

Contemplado no edital estadual de produção de longas-metragens 2019

Roteiro | Laís Melo e Patricia Saravy
Direção | Laís Melo
Estrelando | Patricia Saravy
Produção| Grafo Audiovisual
Distribuição| Elo Company



 

Carta das roteiristas
esta história não nos é  passada. é presente. um querer botar o corpo no mundo. deformar. mais do que querer, necessidade de nos pensarmos, nos expormos, apoderar-nos das ferramentas para contar nossas histórias, das mulheres da classe trabalhadora latino-americana. nos provocar o decolonizar.

 

“Nó” nasce da vontade de contar as histórias de Glória, as Glórias, nossas também. Sonhos, desejos, relações, desafios, manias, obsessões, exaustões e estratégia de resiliência através do afeto, fé e nutrição. Nasce também de um processo de pesquisa que vem se construindo objetivamente há três anos quanto cinema, pensar o violento estrutural contra esses corpos, as quedas, as dores, mas também o pulsar da vida que se reinventa.

A realização de dois curtas-metragens atravessam esse processo de estudo de dramaturgia e linguagem: o primeiro, “Tentei” (2017), premiado em festivais, conta a história de Glória, uma mulher que quer sair de uma relação abusiva, mas não consegue pelo contexto e não acolhimento; e “Me deixe ali”, em finalização, que conta a história da Glória que mora e trabalha com limpeza na casa dos patrões, engravida e tem que decidir o que fazer. Agora uma Glória que explode e renasce.

São quatro mãos: duas de uma roteirista, diretora, comunicadora e educadora popular, e duas de uma atriz, intérprete e mãe, que se (des)reconhecem e decidem unir suas biografias, fabular e contar outro destino de Glória que a tira das amarras abusivas, porém segue em um sistema mundo colonial capitalista que a obriga, por vezes, a passar por cima de seus princípios e afetos.

Há coetaneamente a manifestação da leveza, humor, festivo, místico, as relações e suas complexidades. Glória com a amiga Magali e sua relação com as filhas desnudam esses aspectos.

Temos como personagens principais uma família que fala, se confronta e se protege. A identificação e projeção das mulheres da classe trabalhadora é uma grande busca. Glória, em “Nó”, exercita a dura competição em seu ambiente de trabalho para salvaguardar seus direitos como mãe, condicionada no contexto em que vive a exercer os papéis de protagonista e antagonista dessa trama. Glória trabalha na esteira de uma grande fábrica de alimentos industrializados. Corpos-máquinas. Movimentos repetitivos. Cheiro forte. Barulho alto. Constrangimentos das relações hierárquicas e dinâmicas que têm que passar para subir de cargo. No meio disso, afeto.

Assim, nesse fragmento da vida de Glória, acompanhamos seus processos de se redescobrir mulher, negra, mãe, amiga e trabalhadora, envolvendo o público nas situações comuns, deixando que se perguntem sobre os caminhos e escolhas duras que somos condicionados a fazer. Glória estará exposta. Nós também. Neste diálogo que parte, a princípio, da lógica binária: moral e imoral, acusação e defesa, heroína e vilã, provocamos frestas abertas pelas trocas entre obra e público que acreditamos o pensar-fazer cinema, o esfacelamento das proposições sociais e o avolumar da humanidade cotidiana.

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